
Até ao final desta semana vou ter, com toda a certeza, uns dias muito agitados.
Tal como previa, o dia de ontem foi o começo de uma semana empolgante, culminado com um jantar fantástico, que me deixou depenado, e um copo de whisky na varanda de uma “penthouse” de um luxuoso Hotel, com vista sobre uma das mais emblemáticas Praças de Madrid.
O dia de hoje aparenta ser, também ele, no mínimo diferente do quatidiano, terminando com um embate entre os meus conterrâneos e os meus anfitriões.
Amanhã, avizinha-se mais um dia com grande intensidade, também ele culminando com um final de tarde excitante e uma noite para mais tarde recordar.
Quinta-Feira, será um dia de avaliações... a quem se vai sentar à minha frente, com um nervoso miudinho, esperando não cometer erros e ansiosos pelo resultado final e, já agora, aos dias anteriores. O final de dia, uma vez mais, será intenso, com um longo regresso ao local onde me encontro neste momento, mas de uma forma completamente diferente das que me têm trazido de volta...
Sexta-Feira, terei mais um dia de grande relevo. Um almoço com alguém que tem obras admiráveis nos quatro cantos do planeta e que ainda poderá vir a desempenhar um papel muito importante na minha vida profissional.
Mais uma vez, o final de dia será extremamente agitado. Um concerto, gente amiga, apresentações, copos e muita euforia, que após uma semana de tal intensidade, permitirá descarregar o pouco que de energia ainda existe.
O dia de Sábado será um pouco diferente, porque creio que será passado a dormir para recuperar as energias que se esgotaram.
No entanto, à noite voltarei a um local onde já vivi, onde já não vou há muito tempo, com alguém que inúmeras vezes terá imaginado como seria, pelas descrições que eu fazia... e que vai obrigar o meu estômago a fazer um braço de ferro com o meu desejo de aproveitar ao máximo a noite.
Cañas, shots, tapas, música, conversas sem sentido, risos e muita gente interessante... Adoro aquele “bairro”, representador da verdadeira cultura “Madrileña”, onde se reúnem todo o tipo de artistas, desde pintores, filósofos, actores, músicos e até um técnico de efeitos especiais... Sinto-me em casa ali, mesmo sabendo que a meio da noite já será difícil discernir qual é o filósofo e qual é o pintor!
O dia de domingo será mais calmo e passado sem grandes atribulações, com uma custosa despedida depois do jantar... prefiro não falar muito sobre isso e “agarrar-me” aos bons momentos que referi anteriormente.
Voltando à definição de ânsia:
Aflição: Só se for porque é preciso “comprar” muitos dos bons momentos;
Desejo ardente: Sem dúvida... E não só que todos os momentos acima mencionados sejam aproveitados ao máximo...
Pertubação causada pela incerteza: Não me perturba minimamente. Só fico perturbado se eu for incerto...
Afã: Será uma canseira, terei uma semana plena de trabalho penoso, compensado, claramente, pelos finais de tarde e inícios de noite maravilhosos que se avizinham.

Enfim, para além da tão badalada crise, que obriga a um esforço suplementar muito grande, tudo parece estar contra mim.
Problemas de saúde de gente muito próxima, mudanças a nível familiar, com alteração de fundo na vida que conheci nos últimos anos, mudanças de domicílio e de País, com a tentativa de adaptação a uma nova cultura, a novos hábitos, ter de fazer novas amizades... deixando tudo para trás.
Dois anos repletos de viagens, de um esforço extra para conseguir ir cumprindo com as minhas obrigações, um cansaço imenso que não me pode derrotar, sob pena de cair num poço sem fundo...
Pergunto-me quando tudo isto irá terminar, quando terei alguma estabilidade e como poderei voltar a ser feliz. São perguntas sem uma resposta óbvia, que apesar de serem inevitáveis se tornam penosas, pois levam-me a “levantar voo” e a sonhar com algo que parece de todo impossível.
Sei que está próximo o momento do regresso, mas está próximo há mais de meio ano... e nunca mais chega!
Mais um mês de loucos se avizinha, com muitas viagens pelo meio, com um stress imenso e uma luta diária, com a necessidade de continuar a combater o cansaço e de não desistir.
Quase todos os que me ouvem falar ficam encantados com a possibilidade que tenho em viajar, em conhecer tantos Países, culturas, cidades e pessoas... com a possibilidade de trabalhar com pessoas dos 5 cantos do mundo, com a possibilidade de ter em mãos grandiosos projectos, de lidar com gente de grande exposição pública...
Tenho a certeza que tudo isto, também eu, irei apreciar, quando finalmente tiver um pouco de paz, estabilidade, tranquilidade e as pessoas que realmente são importantes para mim a meu lado.
Sei que as experiências vividas são únicas e que sou um privilegiado por ter tido essa oportunidade, mas nenhuma delas foi fácil, todas provocaram algum tipo de sofrimento e uma angústia incessante...
Pois é dessa angústia que vivo neste momento, desse sofrimento, pelo afastamento e distância em relação a quem precisa de mim, a quem eu deveria apoiar e não posso por estar longe, pelas saudades que aqueles a quem dei vida têm de mim e que eu não posso matar...
Tenho feito um esforço desumano, para estar o máximo de tempo presente, que se traduz em muitos milhares de quilómetros num ano, muitas horas de sono perdidas, muitos dias a ir trabalhar sem ter fechado os olhos, muitas semanas com uma alimentação deficiente... tudo situações que não chamam a atenção, sobre as quais não sou alvo de admiração ou compreensão, ao contrário das que acima mencionava, que essas sim, são sempre alvo de um “ahhhh!!!”.
Sei que na minha memória ficarão os prós e os contras da vida que escolhi, a dor que não pensei que pudesse sentir cada dia, pela distância, pela saudade, pela impotência de não poder ajudar... por não poder acompanhar o crescimento dos meus filhos...
Esta semana que vem começará nova odisseia, com algumas perspectivas de que algo vai mudar, que algo vai acontecer, algo que transformará a minha vida definitivamente.
Depois virão os tão referenciados “maravilhosos passeios”, com passagens pelo Brasil, Perú e Chile... ou seja, aqui ao lado, algo que todos tanto apreciam, visto à distância, ou quando estão de férias, com tempo e acompanhados de quem lhes preenche o seu interior.
Durante a semana que vem, ainda aqui virei se tiver inspiração, senão... vou esperar para ver as mudanças que Março me trará, distanciando-me mais deste blog, mas com notícias fresquinhas em Abril!
Até lá...

Estou cansado de ouvir a palavra “crise”. Liga-se a televisão e em todos os canais falam do desemprego, da situação complicada em que se encontram as empresas, das medidas extraordinárias que vão ser tomadas para combater a “crise” e como estamos todos condicionados pela conjuntura económica internacional. Encontramos um amigo que não víamos há anos e a primeira pergunta que surge é: “como é que estás a superar a crise?”.
Tudo gira à volta da crise, a crise justifica todo o mal e é encarada como uma epidemia que infecta o mundo, contra a qual nada há a fazer, excepto esperar que algum “expert” encontre o medicamento mágico, ou então que o vírus morra por si mesmo!
Não oiço muita gente a falar de soluções para a enfrentar, não vejo nas televisões medidas concretas, não vejo actos de luta para a combater... pelo contrário, vejo gente e mais gente, de braços cruzados, em auto comiseração total e chorando pelos cantos, “grunhindo” entre dentes que é necessário esperar... é uma luta inglória... que enquanto a economia não melhorar será muito complicado...
Não vejo muitas pessoas a pensar em medidas para fazer frente a épocas mais atribuladas, a moldarem-se internamente para se adaptarem a uma nova realidade, em perceber que não podendo alterar o que está fora do seu âmbito e alcance, como o valor do petróleo ou a falência de um Banco, têm de alterar o que está sob seu controlo e reagir com firmeza a essas adversidades que apenas o tempo solucionará.
Alguém me disse que numa época de crise global como a que vivemos, apenas os mais fortes poderão sobreviver e que inclusivamente, quem for verdadeiramente capaz, sairá ainda mais forte.
As pessoas deveriam ter um pensamento positivo e pensar que estão felizes, porque “a partir de hoje falta menos um dia para a crise acabar”, mas preferem pensar que é “apenas mais um dia de crise”.
São palavras que fazem sentido e às quais me tento “agarrar”, pois entendo que nestes períodos as oportunidades são ainda maiores, que é a altura da tua vida em que mais possibilidade tens de te destacar em relação aos demais, que é nestes momentos que constróis o teu futuro.
Numa época em que não há crise, tudo corre bem, sejas bom ou mau naquilo que fazes, os resultados podem ser bons ou óptimos, mas não marcas a diferença. Numa época como a actual, é o inverso, é o preto ou branco de que eu tanto falo, em que cais no preto ou, pelo contrário, entras no restrito grupo dos que atingem o branco.
A vida também está complicada para mim, a todos os níveis. Sinto que profissionalmente, estou claramente dentro do grupo dos brancos e que pessoalmente, luto diariamente para não cair no negro, para não me martirizar e continuar a combater as crises com as quais me deparo.
Nem sempre o consigo fazer, sofro embates fortes, contínuos e realmente perturbadores, mas, mesmo tendo os meus momentos de depressão, nunca ninguém me viu a desistir das minhas responsabilidades e a ficar deitado na cama no dia seguinte.
Não sou “dono da verdade”, não pretendo ser, não sou o melhor exemplo para dar “lições de moral” a quem quer que seja, mas sou alguém que pensa pela sua própria cabeça, que bem ou mal vai tendo algum sucesso, que enfrentando situações complicadas, consegue sempre encontrar uma saída e que vive as coisas com muita paixão...
Se isto ajudar alguém (sim, desta vez é para ti “compal de pêra”!), então já terá valido o esforço de me ver a escrever tantas vezes esta irritante palavra, que no início deste texto reclamava estar cansado de ouvir: criseeeee!

A vida funciona como um circuito de vias de comunicação, sejam elas estradas, vias férreas, aéreas ou outras.
Todas elas te transportam em direcção a um destino, todas elas estão recheadas de informação, todas representam um perigo eminente.
No seu percurso, encontramos sinalização, alguma apenas informativa, outras avisadoras de perigo e outras de obrigatoriedade.
A vida funciona do mesmo modo, ao longo do seu percurso vais recolhendo informação, experiência... alertas, que muitas vezes nem te apercebes que lá estão... leis, deveres e obrigações, que te vão guiando em direcção ao teu destino e com os quais deves cumprir.
Numa estrada, por exemplo, deparas-te com diversos cruzamentos, inúmeros percursos alternativos que te podem conduzir ao teu destino, uns mais rápidos, outros mais económicos, outros mais belos, mas ao mesmo tempo mais atribulados e longos.
A vida não é muito diferente, com dezenas, centenas, milhares de opções, de caminhos para chegar ao destino, para atingir o objectivo.
As opções são tomadas por cada um, de acordo com as suas necessidades, com as suas vontades e desejos ou simplesmente por falta de reflexão e seguir aquele que o instinto indica.
Ao longo do meu percurso, acho que já segui as diversas direcções: as mais longas e belas, as mais rápidas e caras, e as mais económicas que, no entanto, não transmitem o mesmo prazer que as outras.
Já tomei opções erradas, seguindo caminhos que pensava serem alternativos, mas que na realidade não o eram, obrigando-me a fazer inversão de marcha e a retomar o caminho principal, ou, quando realmente perdido, parando para pedir ajuda a algum transeunte local, com conhecimento desses tenebrosos caminhos.
Tudo se equipara entre a vida e uma rota traçada entre dois pontos, as semelhanças são tantas e nem nos apercebemos disso. Tenho efectuado longos percursos, percorrido grandes distâncias nos últimos tempos, tenho pensado, tenho-me vindo a aperceber destes pormenores, que sem tempo para o fazer, nunca me passariam pela cabeça.
Esses momentos, têm-me ajudado a tomar algumas decisões, a seguir algumas opções, sendo que, nem assim, todas são felizes. Algumas vezes penso se não seria mais frutífero deixar o instinto conduzir-me... mas acho que é nesses momentos que fico com sono e tenho de encostar na estação de serviço mais próxima.
Estou neste momento numa encruzilhada, num cruzamento com diversas opções possíveis, com inúmeros caminhos que se cruzam num ponto. Tenho de tomar opções, decidir qual dos caminhos deverei seguir. Sempre nos questionamos se o caminho que pensamos optar é o mais correcto, se aquele é o que nos leva ao destino da forma mais confortável. Temos sempre esperança que exista um caminho que seja o mais rápido, o mais económico e ao mesmo tempo o mais belo.
Acho que há muito tempo deixei de acreditar nesse caminho. Um caminho através do qual podemos conduzir à velocidade que pretendermos, que não tem portagens, sem Brigada de Trânsito e com um manto de belas flores de um lado e um extenso oceano do outro.
Já me disseram que alguém encontrou esse caminho, que ele existe, mas na realidade enquanto não o vir com os meus próprios olhos, não acredito que seja, pelo menos, como me descreveram.
Já me iludi tantas vezes... seguindo um caminho que inicialmente parecia belo, com flores e tudo, com oceano e tudo, recto e com largura suficiente para o conduzir a meu belo prazer... quando de repente e quando menos esperava, aparece uma curva acentuada, seguida de contracurva, sem uma sinalização adequada...
A primeira vez em que me deparei com tal situação, acreditei que teria sido um acaso, uma estrada mal terminada. Após tantas situações semelhantes, prefiro estar consciente que o caminho que idealizo, que me contaram existir, não passa de uma utopia, de uma ilusão!
No cruzamento actual, seguirei o caminho que me parecer mais adequado e em breve aqui estarei para contar onde me levou e que tipo de percurso representava...

Se eu conseguisse expressar o que sinto
O vulcão que paira aqui dentro
A confusão de sentimentos, a mescla de pensamentos
Se soubessem o que sinto, os segredos guardados
As sombras do passado, as indefinições do presente, os receios do futuro
O medo que tenho do “branco ou negro”
Da inconstância emocional, dos impulsos incontroláveis
Se eu conseguisse colocar em palavras o que vai aqui dentro
O orgulho, a teimosia, o perfeccionismo, a ira
Os inúmeros defeitos que me caracterizam
Que fazem de mim aquilo que efectivamente sou
Aquilo que eu não mostro
A dor que me invade, que aumenta todos os dias
A frustração de uma vida falhada
O desprezo que tenho por mim
A dedicação que tenho pelos outros
O esforço que faço para ser forte, que me consome
Palavras, actos, pensamentos, emoções
Palavras que digo e oiço
Actos desproporcionados
Pensamentos sombrios
Emoções descontroladas
Passo a linha da fronteira como um furagido assustado
Entro num abismo onde já estive
A solidão, a raiva e ódio por mim
A depressão que me diz que não vale a pena lutar
As forças que se esvaem em pó
O desejo que tudo termine
O quadro que pintei... “até logo”
Mais uma vez desistir... adormecer
Mais uma vez deixar de sofrer