
Estou cansado de ouvir a palavra “crise”. Liga-se a televisão e em todos os canais falam do desemprego, da situação complicada em que se encontram as empresas, das medidas extraordinárias que vão ser tomadas para combater a “crise” e como estamos todos condicionados pela conjuntura económica internacional. Encontramos um amigo que não víamos há anos e a primeira pergunta que surge é: “como é que estás a superar a crise?”.
Tudo gira à volta da crise, a crise justifica todo o mal e é encarada como uma epidemia que infecta o mundo, contra a qual nada há a fazer, excepto esperar que algum “expert” encontre o medicamento mágico, ou então que o vírus morra por si mesmo!
Não oiço muita gente a falar de soluções para a enfrentar, não vejo nas televisões medidas concretas, não vejo actos de luta para a combater... pelo contrário, vejo gente e mais gente, de braços cruzados, em auto comiseração total e chorando pelos cantos, “grunhindo” entre dentes que é necessário esperar... é uma luta inglória... que enquanto a economia não melhorar será muito complicado...
Não vejo muitas pessoas a pensar em medidas para fazer frente a épocas mais atribuladas, a moldarem-se internamente para se adaptarem a uma nova realidade, em perceber que não podendo alterar o que está fora do seu âmbito e alcance, como o valor do petróleo ou a falência de um Banco, têm de alterar o que está sob seu controlo e reagir com firmeza a essas adversidades que apenas o tempo solucionará.
Alguém me disse que numa época de crise global como a que vivemos, apenas os mais fortes poderão sobreviver e que inclusivamente, quem for verdadeiramente capaz, sairá ainda mais forte.
As pessoas deveriam ter um pensamento positivo e pensar que estão felizes, porque “a partir de hoje falta menos um dia para a crise acabar”, mas preferem pensar que é “apenas mais um dia de crise”.
São palavras que fazem sentido e às quais me tento “agarrar”, pois entendo que nestes períodos as oportunidades são ainda maiores, que é a altura da tua vida em que mais possibilidade tens de te destacar em relação aos demais, que é nestes momentos que constróis o teu futuro.
Numa época em que não há crise, tudo corre bem, sejas bom ou mau naquilo que fazes, os resultados podem ser bons ou óptimos, mas não marcas a diferença. Numa época como a actual, é o inverso, é o preto ou branco de que eu tanto falo, em que cais no preto ou, pelo contrário, entras no restrito grupo dos que atingem o branco.
A vida também está complicada para mim, a todos os níveis. Sinto que profissionalmente, estou claramente dentro do grupo dos brancos e que pessoalmente, luto diariamente para não cair no negro, para não me martirizar e continuar a combater as crises com as quais me deparo.
Nem sempre o consigo fazer, sofro embates fortes, contínuos e realmente perturbadores, mas, mesmo tendo os meus momentos de depressão, nunca ninguém me viu a desistir das minhas responsabilidades e a ficar deitado na cama no dia seguinte.
Não sou “dono da verdade”, não pretendo ser, não sou o melhor exemplo para dar “lições de moral” a quem quer que seja, mas sou alguém que pensa pela sua própria cabeça, que bem ou mal vai tendo algum sucesso, que enfrentando situações complicadas, consegue sempre encontrar uma saída e que vive as coisas com muita paixão...
Se isto ajudar alguém (sim, desta vez é para ti “compal de pêra”!), então já terá valido o esforço de me ver a escrever tantas vezes esta irritante palavra, que no início deste texto reclamava estar cansado de ouvir: criseeeee!
2 comentários:
É como dizes: "As pessoas deveriam ter um pensamento positivo e pensar que estão felizes, porque “a partir de hoje falta menos um dia para a crise acabar”, mas preferem pensar que é “apenas mais um dia de crise”."
vamos com calma. E sem desespero.
Abraço
Daniel Silva disse...
Nem que não se queira ter calma...